A Bíblia mais antiga do mundo vai a leilão com chance de alcançar R$ 250 milhõesBlog Bahia (O Portal de Notícias do Oeste Baiano)


26 de fev. de 2023

A Bíblia mais antiga do mundo vai a leilão com chance de alcançar R$ 250 milhões

 

Documento em hebraico mais antigo e quase completo será vendido pela Sotheby’s inglesa, com valor estimado de US$ 50 milhões. Os textos históricos confirmam o conhecimento existente e consolidam a tradição religiosa ocidental

Os leilões organizados pela Sotheby’s têm ares de grande apresentação. É como se fosse, por exemplo, a abertura de um espetáculo musical. “Senhoras e senhores, iniciamos agora o nosso leilão com um verdadeiro tesouro”. Não é exagero. Realmente o evento ocorre como um show e os objetos vendidos são joias de valor quase ilimitado. E o próximo item a ser vendido em breve segue na mesma linha. Trata-se de uma raridade que gera curiosidade por ser milenar: a Bíblia hebraica mais antiga do mundo e praticamente completa. A peça pertence ao investidor e colecionador Jacqui Safra, que é sobrinho de Joseph Safra, fundador do banco homônimo. A Sotheby’s colocou o livro em exposição nos Estados Unidos e em Israel desde o início do ano e o leilão deve acontecer em maio em sua unidade de Londres, na Inglaterra. O valor estimado é de US$ 50 milhões, o que corresponde a cerca de R$ 261 milhões. O recorde entre livros arrebatados até o momento é de Kenneth Griffin, magnata norte-americano que atua no ramo de seguros. Ele pagou, em 2021, US$ 43,2 milhões, mais de R$ 220 milhões, por uma cópia de primeira edição da Constituição dos EUA, também em um leilão da Sotheby’s.

1.100 anos é a idade estimada da obra. O material é o mais próximo do original

Preciosidade judaica

O documento tem 400 folhas, escritas em pergaminho, um dos principais materiais de registro escrito da antiguidade, feito de pele de animais, mede aproximadamente quarenta centímetros e sua encadernação, realizada na década de 1920, é de couro na cor marrom. Ele teria sido produzido há mais ou menos 1.100 anos por um profissional que não existe mais: um escriba, provavelmente sírio. O detalhe em sua capa é a inscrição em alto relevo do número 1.053, o que indica a sua localização na lista de manuscritos de David Salomon Sassoon (1880-1942), famoso colecionador que nasceu na Índia, mas viveu a maior parte de sua vida na Inglaterra. Ele formou acervo magnífico de obras em hebraico que adquiriu em diversos países. Chamado de Codex Sassoon, em homenagem ao seu antigo dono, a Bíblia hebraica, agora em evidência, passou por muitas mãos durante um período de 600 anos até ser conquistada definitivamente por Sassoon, em 1929.

E o que o material apresenta? Codex Sassoon traz o Antigo Testamento quase em sua totalidade e mostra de forma ampla a mudança da tradição oral para a literária. “O documento, por enquanto, não revela novidades a respeito do que conhecemos sobre religião, mas confirma a tradição bíblica”, afirma o historiador e teólogo paulista Gerson Leite de Morais. Ele pontua que a escritura é, até o momento, a mais próxima dos originais. “A construção desse texto pode ser considerada uma obra de arte. O copista teve uma atenção incrível para reproduzir o que estava escrito. Ele também zelou pela preservação do material”, explica Morais. Isso significa que as referências podem mudar. “Antes do Codex Sassoon, baseávamos nossos estudos no Codex de Aleppo, guardado na Universidade Hebraica de Jerusalém e Codex Leningrado, depositado na biblioteca de São Petesburgo. Para que a Bíblia Hebraica possa ser considerada completa faltam-lhe cinco páginas, mas não se pode reduzir a importância dessa porção do livro porque nela estão os dez primeiros capítulos do livro do Gênesis. Por outro lado, a falta dessa passagem não diminui a relevância histórica, religiosa, política e cultural do que será leiloado.

Como acertadamente vem sendo divulgado pela casa de leilões: trata-se de uma das obras mais influentes e que serviu de base para a civilização ocidental. Saharon Liberman Mintz é a curadora de obras judaicas da Sotheby’s. Ela disse à imprensa norte-americana que “o texto bíblico em formato de livro marca uma virada crítica em como percebemos a história da palavra divina ao longo de milhares de anos”.

Manuscritos do Mar Morto

Entre os anos de 1947 e 1956, em uma data indeterminada, um pastor de ovelhas beduíno separou-se de seu grupo durante um passeio pelos arredores de Qumran, região que cobre um trecho do Mar Morto, situada na Cisjordânia, para procurar um dos animais que teria se desgarrado. Não se sabe ao certo se o cuidador conseguiu recompor o rebanho, mas, sem querer, ele encontrou dentro de uma caverna 900 fragmentos de textos do que era considerado o mais antigo exemplar da Bíblia hebraica. Os documentos estavam dentro de vasos de cerâmica. Acredita-se que tal material teria sido produzido por uma antiga seita judaica chamada Essênios. Esses registros ficaram conhecidos como Manuscritos do Mar Morto. Após anos de estudo dessa obra, descobriu-se que nela constavam informações sobre as atividades diárias e culturais dessa comunidade. Sobre as ações cotidianas, datas de plantio e colheita de alimentos. Os Manuscritos do Mar Morto estão guardados no Santuário Museu do Livro, em Israel.



Fonte: Blog Bahia  / Isto É

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